Pensei que se eu fingisse, tudo fosse embora.
Fingir não saber dá a ilusão de segurança, mas ao mesmo tempo, prende.
Como disse Clarice Lispector na Crônica "Uma Ira":
"Eu fingi por orgulho que não doía, pensei que fingir força era o caminho nobre de um homem e o caminho da própria força.”
Criei um escudo ao meu redor para separar aquilo que sou e aquilo que quero que as pessoas acreditem que eu seja. Um escudo que esconde meus verdadeiros sentimentos, meu verdadeiro eu, meus pensamentos e tudo que me compõe. Porque na realidade, tenho medo de que se as pessoas verem o que passa dentro do meu frágil coração e da minha mente confusa, elas resolvam ir embora.
Então, como solução, eu finjo.
Finjo não saber o quão sensível e intensa sou, bloqueando os sentimentos e evitando mergulhar fundo neles, porque sei que se eu o fizer vou sentir tudo. E sentir tudo assusta. Então, prefiro fingir que eles não estão ali.
Finjo não saber o quanto eu anseio por uma conexão real, que não me sinto solitária no meu dia a dia. Finjo que tá tudo bem, quando na realidade meu coração grita e chora por vínculos mais profundos e sinceros.
Cubro meu rosto com um sorriso toda vez que alguém faz alguma brincadeira que eu sem querer levo para o coração –e finjo uma risada para não ser chamada de sensível demais.
Finjo tanto, que as vezes eu me esqueço de quem realmente sou. Me esqueço de reconhecer meus sentimentos, mantendo eles trancados dentro de um baú onde ninguém vê –nem eu. Esqueço de cuidar de mim mesma, porque as vezes pensava que "fingir força era o caminho nobre de um homem e o caminho da própria força"
A sensação de não me conhecer veio da minha própria tentativa de me esquecer.
Por não olhar muito pra dentro, por ter medo da minha própria confusão, intensidade e dor, criei distrações, me afundei em livros e pensamentos, me afastei dos meus próprios sentimentos.
Será que se eu fingir força me torno forte?
Ou será que a verdadeira força mora justamente em parar de fingir?
Em aceitar que sentir dói, mas também cura. Que ser intenso assusta, mas também encanta. Que há beleza na fragilidade e coragem em se mostrar inteiro.
Isso de estar fingindo constantemente pra tentar nao cair em emoções emoções você evita a tanto tempo é muuuito doloroso. Porque mesmo fingindo chega uma hora que o corpo e alma atingem o limite e tudo vem atona. Saber agir nesse momento é um desespero que eu queria que acabasse logo.
O texto ficou ótimo, me lembrou muito da Fleabag, não sei se já assistiu, mas para os que se identificam com o que foi escrito no seu texto é uma baita recomendação.